terça-feira, 25 de outubro de 2011

Entrevista com Filosofia de Rua


1° - Ugli : Quero saber que mesmo com a fama que vem devido ao sucesso das musicas e do som que é muito bom, o que fazer para não deixar isso subir a cabeça e continuar sendo o mesmo cara de sempre, gente boa que você é? (Tiago Silva)

Salve, Então Tiago, agradeço por suas palavras a meu respeito, é o seguinte mano eu sempre estive entre os menos favorecidos, entre os desacreditados tá ligado, e foi bom pois ali, entre os que não eram os aclamados forjei meu caráter e quando agraciado por Deus consegui o reconhecimento para minhas rimas, e já tinha em mente exatamente quem eu era, o que queria e pra quem iria escrever e porque iria escrever, resumindo: Os Maloqueiros do Brasil são meus irmãos de Rua.

2° - Man : Qual a razão de existir o grupo? (Revolucione-se)

Na época eu queria muito expressar certa revolta que havia dentro de mim sabe? Aquele lance de ver alguma coisa e achar injusto, descobri que tinha uma maneira de canalizar tudo isso, descobri que existia algo que poderia fazer para me desabafar tudo aquilo que estava transbordando em mim, esse canal se chamava Rap, da vontade, veio a necessidade. Acabei encontrando pessoas que tinham as mesmas necessidades e com esses "algo em comum " fizemos o FDR

3° - Braiam : o que Jesus Cristo representa pra vc e que consequência sua vida terá  
estando com ele? (Mano P)

JESUS é o caminho, a verdade e a vida, segundo a Bíblia a palavra tem peso em certos momentos da minha vida!

4° - Canhoto : Porque ainda existe muito preconceito com a música Rap? (Thiago Froes)

Bem Thiago antes fazíamos um rap mais polêmico com assuntos pesados e a nossa expressão facial era muito séria (cara fechada), isso aos poucos foi mudando e as pessoas ainda tem aquela visão de que o rap só fala de tragédia. È claro essa é a essência do rap e não pode mudar, nem quero, mas a vivência e a maturidade um dia chegam e os Rappers já estão mudando naturalmente.

5° - Grupo: Vocês que são da velha escola, quero saber a opinião de vocês em relação a cena atual, no que se diz respeito a abertura que se está dando para ideias que antes não eram aceitas dentro do rap? Estamos vendo nos dias de hoje que o rap deixou antigos discursos, antes fundamentais, aderiu a novas ideias, novos conceitos e como resultados disso muitos rappers falam de Uísque, mulheres (mesmo estando no Brasil) e principalmente o funk atual, que são na maior parte sons pornográficos. O rap está aceitando tudo isso com muita naturalidade e sem críticas atualmente. Tipo cada um faz o seu. A característica principal do rap antes não é a mesma de hoje. Como vocês, que são da velha escola e continuam na cena podem falar a respeito disso? (Neurus)

CANHOTO- Neurus, nós sempre defendíamos a LIBERDADE DE EXPRESSÃO, naquela época criticávamos algumas letras mais leves então onde estava a tal LIBERDADE DE EXPRESSÃO? Não é mesmo. E os rappers sempre se espelhavam nos norte americanos, eles falavam de polícia, nós também, eles falavam de preconceito, nós também. Então eles estão falando de pornografia e riqueza, seguido desse pensamento não vejo nada de mal em falar também, mas sempre lembrando que aqui é o Brasil e temos que ter cautelas, pois não gostaria de estar na pele deles quando a Mãe, Irmã, Esposa e Filhas, vieram perguntar sobre as letras.

Braiam EU acho que o que dizíamos sempre será importante. O que não podemos é descriminar quem faz diferente. Porque você gostaria de ser descriminado? Esses moleques de hoje não estão interessados no que dizíamos a tempos a trás .Mas nem por isso deixam de ser seres humanos. Também amam, também odeiam, também sofrem, o mundão é capitalista. Eles só estão no mundão, vivendo o que o mundão dá, eu não critico, cada um cada um!

Salve Nereus, Aqui quem rima é Big Ugli C.I. a minha opinião sobre isso é a seguinte, tudo sempre pode ser falado sempre, os discursos de antes, foram atualizados, e nessa atualização alguns começaram a pensar diferente sobre visões antigas. Eu sigo com a mesma linha de raciocínio de 20 anos atrás, mais me atualizando sobre cada tema, por exemplo, hj, eu sei que o mundo inteiro pode me ouvir, mais os problemas são os mesmo de 2O anos atrás POREM com outras proporções O Funk sempre existiu e sempre foi pornográfico e sempre será, pois é a realidade dos caras, e sobre os manos daqui falarem de whisk, mulheres é cada um com seu castelo né mano... Nós sabemos, o que representamos, pra quem cantamos e porque cantamos......

6° - : Braiam : Há 10 anos atrás o rap dominava as ruas, em cada esquina estava tocando um rap, nos rádios dos carros rap, a molecada toda ouvia se envolvia e apoiava, e hoje parece que isso está acontecendo com o funk, é proíbidão, é as novinhas etc, gostaria de saber se você acha que o funk cumpre o mesmo papel que o rap que sempre tinha uma mensagem pra passar, e se o funk tomou o espaço do rap? (Mari Ana)

Olha Mari, eu acho que o funk tem sua importância na quebrada, tem uns meninos que dizem a mesma coisa que dizíamos a tempos atrás, a batida do funk hoje não é mais uma batida americana, é genuinamente Brasileira , e a linguagem de hoje é o que a molecada pensa hoje, luto pela musica, não pela politica que alguém acha que tem que ser seguido. Se o sitema tivesse cuidado da educação de nossas crianças a 20 anos, quando começamos, nada disso estaria ai como esta hoje. Os moleques hoje são diferentes de nós, e se nós queríamos respeio na nossa época, hoje respeito eles. Não tenho nada contra, mas quem tem, Respeite é o primeiro passo para a Vitória.

7° - Man te acho um cara muito inteligente e culto, te admiro por isso, que dica você dá pra gente defender o Rap do preconceito das pessoas? Qual argumento para ganharmos mais almas pro Rap??? (Mirian Nobre)

Com muita luta e seguindo em frente, pra cada porta fechada, janelas são abertas, e assim vai, o preconceito existe na cabeça das pessoas que por algum motivo, sejam plausíveis ou não, não deixa de ser preconceito. Mas digo uma coisa, nunca deixei de fazer um som pq me deparei com o preconceito, isso na verdade serviu de estímulo para que eu fosse mais além.

8° - Grupo : Olá Filosofia de Rua, depois de algum tempo  do grupo separado e sem gravar, mas sempre bem lembrado pelos seus fãs e admiradores do movimento hip hop da velha escola, como sera e como esta o amadurecimento depois desse tempo ? (Marlon Santana)

CANHOTO: Marlon posso dizer que nós nunca paramos, nós demos um tempo, pois sempre estivemos escrevendo as letras e preparando as bases cada um na sua. Quando decidimos voltar confesso que até me assustei quando vi a grande quantidade de letras que tinhamos juntado ao longo deste tempo. E sempre que andamos nas ruas as pessoas param pra dizer que mudamos alguma coisa em sua vida, isso é muito gratificante, então só me resta dizer a todos (OBRIGADO! NÓS VOLTAMOS).

BRAIAM: Ainda buscamos um amadurecimento maior. Ainda erramos muito como qualquer ser humano de 36 anos, rsrs.

E ai Marlon, aqui é o Big Ugli, mano, nesses anos todos o que aprendemos é que Deus é por nós e principalmente que o nosso som é verdadeiro. Cada 1 de nós viveu experiências lokas com e sem o Filosofia, e isso foi uma lição que levaremos pro resto de nossas vidas....

9° - Ugli : Passado muitos anos depois do '' Se o Mundo Inteiro Pudesse Me Ouvir'' , mesmo hoje com alguns fazendo rap comercial,o hip hop ainda continua tendo a autentica filosofia ''das'' ruas???? (Dj Neew)

Então Dj Neew, sim, o Rap ainda continua e sempre terá alguém com a autêntica Filosofia das Ruas, pô mano, tem um par de cara bom rimando e sendo referência hoje, eu cito alguns que tem a autêntica Filosofia das ruas em minha opinião: Projota, Mc Locomotiva, Shekinah Rap, Emicida, Mc Marechal, Voz Negra, DMN, Consicência Humana, entre outros ...

10° - Man : sou louco por RAP nacional velho curto pra caramba a parada principalmente o som do Filosofia, mas já não vou a um show faz uma cara ta ligado, pois o que se ve nos shows de RAP hoje é uma molecada muito louca de maconha cantando refrões viajando, tenho 30 anos e curto desde que me conheço por gente, e no meu tempo dava - se muito valor as mensagens contidas nas letras, muito do que eu sou hoje como homem eu aprendi no RAP , ouvindo as idéias de vocês do GOG Racionais Thaide(o velho) e muitos outros, agora eu pergunto o que pega? O que você e toda a rapaziada do Filosofia pensa a respeito?(Cleidson Moura)

Não posso dizer que essa molecada tá certa ou errada, mas posso dizer que nunca mandamos isso de exemplo pra ninguém, sempre lutamos para que o FDR fosse visto como uma injeção de animo e autoestima para os que se identificavam com a gente. Sempre pensamos em remar contra a maré, enquanto a maioria falava que estava tudo acabado, que nada valia a pena, que a situação nunca mudaria, que o mundo era isso mesmo. A gente mandava outra ideia, tipo: vai mano acredita nessa parada, lute pra vencer, tenha fé, estude, procure o melhor, pense em fazer o bem, enfim, essa sempre foi a nossa viagem.

11° - Man : Qual é sua opnião do lance da internet e da tecnologia no cenário do Rap Nacional hoje em dia? Tem o lado da facilidade de gravar um cd e de fazer a divulgação do grupo ou de um novo trabalho! Você acha de que algum modo isso possa facilitar a permanência de grupos e musicas sem qualidade no cenário, ou com o tempo esses grupos ou cantores irão desaparecer? (João Carlos)

A internet veio para romper a barreira que separa o cara que fazia uma rima e o cara que poderia ouvir essa rima, ou seja, acabou os intermediários chamado "gravadora", pra gente isso é a coisa mais linda do mundo (he, he, he). pois a gente veio ainda do modo antigo, e ter tudo na mão é muito bom. Agora, tem espaço pra todos, tá ligado. Grupos bons e ruins sempre existiram, nas na real quem vai dizer o que vai acontecer com eles são as pessoas que se identificarem com o som, e musica é universal, pô, tem pra todo mundo.

12° - Ugli :  Como você define a trajetória da sua carreira e trabalho ? E quais são suas expectativas pessoais e profissionais para o futuro. (Debora da Silva Reis)

Oi Debora, Beijão pra vc, bom, a palavra certa para definir a minha trajetória, minha carreira é : VITORIOSA !!! veja só aos 15 anos comecei no rap, aos 17 lancei minha 1º música "A Cor da Pele " (1993), aos 18 anos lancei o 1º disco do Filosofia de Rua "Se o Mundo Inteiro Pudesse me Ouvir (1994), aos 20 anos lancei o 2º disco do Filosofia de Rua "Historias do Coração" (1996), aos 22 o 3º disco, fora as 48  participações que fiz em cd's de aliados , então o RAP me deu muito, eu me sinto realizado por tudo que recebi, e pro Futuro eu pretendo continuar lançando minhas músicas, minhas mix tapes . . . Enquanto Deus me der a inspiração eu vou colocar no papel e rimar na batida....
  
13° -  Ugli, Porque o Filosofia de Rua teve várias formações, e quais os motivos das saídas?(SUSPEITO (NC3 PRODUÇÕES) )


E ai Fabiano, meu mano Suspeito.... satisfação moleke, seguinte: Eu e o Man fundamos o filosofia e desde o seu inicio procuravamos os integrantes q se encaixassem perfeitamente em nossa Filosofia (do grupo) a 1º formação do Filosofia antes de gravar chegou a ter nos microfones Eu, o Braiam e o Mc Dom , nós 3 juntos cara era loco demais, mais não gravamos com essa formåção, proximo do ano de 93 o Braiam saiu e o Canhoto entrou no lugar dele, ai com essa formação (Ugli, Canhoto, Mc Dom e Dj Man) gravamos a coletanea LP/CD Movimento HipHop E O 1º disco do Filosofia de Rua o "Valeu a Experiência" que tem a música do "Se O Mundo Inteiro Pudesse me ouvir " aí no final de 1994 o Mc Dom, se converteu e saiu do filosofia pra fundar o Alternativa C, com sua saída, resgatamos o Braiam e ele trouxe seu primo o Negro Sam e com eles no grupo gravamos o 2º disco "DA RUA" que tem o clássico "Historias do coração" (Sabado e Domingo) e o 3º disco "Remixes" após o lançamento desse 3º disco, agente não teve o retorno esperado, a relação estava desgastada  e o Braiam, o Canhoto e o Negro Sam, saíram do grupo (1999) paralelo a isso eu me converti, e  aí eu e o Man decidimos chamar o Fex Bandollero pra rimar com agente, pois ele estava sempre por perto e tal, acompanhando o grupo e ai juntos (ugli , dj Man e Fex, gravamos o single " As Historia Continuam" em Vinil (2002) e nessa fase eu descobri que iria ser Pai, aí quem saiu do grupo fui eu..... fiquei 7 anos afastado, e voltamos em 2009 .... é isso.

14° - Canhoto : O que o grupo acha do cenário da musica Rap atual? (Messias Dee Jah )

Messias, eu tenho acompanhado o cenário e confesso estou gostando muito, temos rap que agrada a todos os estilos pesado, leve, temos até romântico, coisa que não tinhamos a muito tempo, e também estou gostando das bases estão muito criativas e com boa qualidade sonora. Mas é muito importante que eles se lembrem da verdadeira essência do rap, nem que for em uma estrofe, mas tem que existir uma causa.

15° - Man: O que é o Filô Brothers ? (Henrique)

FilôBrother é um projeto do Ugli e eu, sabe? Uma direção de Deus em nossas vidas, algo Ministerial, um chamado para que tudo que foi aprendido nesses anos de Rap, fossem aplicados para que  fosse revertido em Evangelismo. Deixaremos o FDR por um tempo e dedicaremos exclusivamente e a esse chamado.

16° - Vocês tem algum trabalho paralelo ao Filosofia de Rua? Carol Antunes

CANHOTO: Carol  eu já vivi de Rap durante alguns anos, mas hoje em dia estou trabalhando normalmente, mas em breve espero voltar a viver somente de Rap.

BRAIAM: Oi Carol, eu tenho minha carreira solo como Braiam Jaga, e ainda faço meu samba nas quebradas.

Oi Carol, Sim, temos. Eu (Big Ugli ) tenho 1 projeto com o Man, chamado Filo Brothers , um projeto Ministerial, e estou gravando meu 1º disco solo, que é uma MIXTAPE, o Braiam tem sua carrreira solo, e  atua como músico em diversos grupos de Samba.


Agradecemos a todos que durante esse 20 anos 
ouviram e ouvem nosso som 
Paz 
Deus é  fiel !



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